Cultura Pop no Brasil | Sidney Magal vira astro de uma comédia avessa ao realismo

Cultura Pop no Brasil | Sidney Magal vira astro de uma comédia avessa ao realismo

Estrela de Amante Latino (1979), um musical encarado hoje como cult brega, o cantor Sidney Magal namora com o cinema brasileiro há anos, mas, só agora, neste segundo semestre, com a estreia de Magal e os Formigas, esta relação há de se estreitar e, a julgar pelas primeiras imagens, espalhar o bom humor pelas telas, numa promessa de sucesso. Escrito e dirigido por um bamba do roteiro no país, Newton Cannito, o filme põe o intérprete de “Sandra Rosa Madalena” como uma espécie de Grilo Falante de um aposentado amargurado por suas escolhas. Trata-se de um sopro de invenção e de picardia em um cenário de gênero muito ligado ao formato das chanchadas.
“O maior vício do cinema brasileiro hoje não está nas comedias, está no realismo”, defende Cannito. “É tudo muito realista: as comédias são sociais, o drama é social… é tudo realista pacas. Com isso, tem pouco espaço para a fabulação. Este filme é uma comédia, mas ele se permite não ser viciado em realismo. E é, ao mesmo tempo, uma autobiografia, pois os personagens e as situações que retrato são inspiradas em meus pais e parentes. Até minha mãe está lá no filme”.
A base do filme vem de uma fábula: A Cigarra e a Formiga, ou seja, o contraponto entre quem vive de arte e quem vive como operário. No enredo de Magal e os Formigas, o aclamado ator paulista Norival Rizzo (da série 9MM São Paulo) vive João, um aposentado que gastou sua juventude trabalhando numa fábrica. Mais velho, às voltas das demandas de sua mulher e da falta de reconhecimento profissional, João alivia a pressão conversando com seu amigo imaginário: o cantor Sidney Magal. O elenco inclui ainda Mel Lisboa Zé Carlos Machado.

“No fundo, é uma história de formigas que aprendem que também pode ser legal viver como cigarra”, diz Cannito. “Eu tentei também fugir da mania biográfica do cinema. Todo mundo pensa que é uma biografia do Sidney Magal. E ele merece mesmo um filme biográfico, claro. Mas fizemos outra proposta: ele entra como arquétipo da cigarra: da pessoa que curte a vida e ensina os operários a curtirem também. A narrativa desta história também vai se abrir para um lado mágico. Eu trabalho com o burlesco sem dó mesmo, sem medo de comédia popular”.

 

 

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